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Quantificando Experiências

  • Foto do escritor: Anelise Santos
    Anelise Santos
  • 9 de nov. de 2016
  • 2 min de leitura

Estes dias me deparei com uma lista de acontecimentos publicada em uma rede social, onde o autor certamente tentava quantificar sua vasta experiência de vida no auge dos seus 20 anos.

Claro que acho cômico este desejo de parecer bem-vivido e interessante aos olhos de pessoas que certamente não vão sentar contigo pra trocar uma ideia num domingo à tarde.

Mas esta breve reflexão me fez pensar em publicar a minha própria lista, mas decidi fazer uma lista diferente, comentada, mais intimista.

Já morei sozinha. Com meus pais. Com a família toda. Com outras famílias. Numa pensão, num quartinho 2x2. Com gente que nem conhecia. Já me apaixonei por quem prestava, por quem não prestava, já se apaixonaram por mim. Traí, fui traída e encontrei paz e sossego num amor em fogo médio, cuidando pra não queimar. Não casei, mas isso é questão de tempo.

Viajei pra caramba! Um pouco porque meus pais nunca se privaram deste prazer, outro tanto porque o trabalho me permitiu. Conheci mais de 15 países, boa parte deste país enorme que é o Brasil, e ainda fico abismada com tanta diversidade. Rodei o mundo tendo o privilégio de ser paga pra isso. Já apareci na TV, no exterior. Já fiz meus pais se emocionarem numa apresentação minha de Ballet. Já chorei de mãos dadas com a minha mãe no cinema.

Me acabei no karaokê, dancei música brasileira numa balada no exterior, tomei banho de chuva, acordei sem saber como tinha chegado ao lugar onde me encontrava. Tive ressaca de morte, encarei ressaca no mar.

Chorei de tanto rir, chorei até as lágrimas secarem, escrevi um TCC, passei perrengue, testei meus limites.

Comprei uma bicicleta. Agora, estou criando coragem para casar.

Plantei um pé de feijão, daqueles que a gente desenvolve no algodão, na escola. Adotei um cachorro porque não podia levar pra casa. Levei um gato pra casa porque fiquei com pena dele sozinho na rua.

Abri as portas da minha casa pra quem eu nem conhecia direito. Fugi. Dos outros e de mim mesma.

Bati palma pro sol nascer e se pôr.

Descolori o cabelo até ficar branco, depois pintei de vermelho camisa-do-Inter.

Cantei Samba do Avião chegando ao Rio, da mesma forma que cantei Voltei, Recife ao olhar pela janelinha do avião. Deu Pra Ti pra Porto Alegre. Encontros e Despedidas cada vez que pisava num aeroporto. E ouvi na mente a voz de Caetano Veloso ao cruzar a Ipiranga com a São João!

Andei de moto, de cavalo, de jipe, de camelo. Andei a pé por cidades que não conhecia e não me perdi. Conversei com muita gente que não falava a minha língua. Aprendi a me divertir na multidão e a desfrutar da minha própria companhia. Me perdi nos meus pensamentos, nos meus medos. Mudei de cidade pra fugir dos meus problemas. Deixei alguns pra trás. Levei outros tantos na mala.

Já rasguei fotos, deletei e-mails, paguei contas que não eram minhas. Plantei uma horta. Vi a mágica da vida e da morte de perto.

E aos que sentem vontade de quantificar sua vida em experiências: relatem. Não para os outros, mas para que vocês se lembrem com alegria e saudade de tudo que passou.

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