Um Grande Amor, Uma Grande Decepção
- Anelise Santos
- 30 de nov. de 2016
- 3 min de leitura
Todos desejamos amar. Amar muito. Daquela classe de amor que não cabe na gente! Todos queremos gritar aos quatro ventos que estamos amando, que somos felizes por receber a dádiva de poder sentir algo tão sublime como o amor - mesmo que ele nunca seja recíproco! O amor tudo crê, tudo suporta. E nós, quando amamos, também acreditamos em tudo e suportamos tudo!
Patrícia mexeu com Artur. Ele era um solteiro convicto, daqueles que sai pra balada só com seus amigos e se recusa a voltar sem algum deles na tropa. Depois de algumas decepções amorosas, Artur estava disposto a seguir nessa vida de baladas e de "pegar sem se apegar". Camila, sua melhor amiga, daquelas que tem essas premonições à la Mãe Dinnah, um dia lhe disse que ele ainda se apaixonaria e mudaria da água pro vinho. Se Camila soubesse de fato o que estava por vir, talvez nem tivesse dito nada.
Eu gosto de dizer que o amor acontece onde menos esperamos, no dia em que o nosso cabelo está mais revoltado, que estamos de mal humor com o mundo e que a única coisa que não queremos é amar. O amor não faz sentido. Nunca fez. Nunca fará.
E Artur conheceu Patrícia num dia assim, sem nenhuma pretensão de amar. Aliás, era um dia daqueles em que Artur olhou pro lado e, ao se deparar com Patrícia, pensou: "Quem raios é essa criatura? Sempre esteve aqui? E como que ninguém me avisa!?". Ela já achava ele um cara legal, inteligente, e tinha decidido que ele era exatamente o tipo de pessoa que ela queria ter por perto: alguém inteligente, sincero, divertido... Talvez ela até já estivesse apaixonada, mas não queria dar o braço a torcer. Artur estava feliz por tê-la por perto, gostava dela. Ele sempre dizia que a sua presença lhe fazia bem. Se isso não era amor, não era mais nada. Em resumo, estavam se apaixonando um pelo outro, mas tinham medo de se entregar.
Mas a vida nos prega peças. A todos. E não foi diferente com Artur e Patrícia.
O timing do amor nem sempre coincide, e isso ferra muitos possíveis casais por aí! Artur estava mais do que interessado em saber o que ela tinha feito no fim de semana, o que tinha achado do filme que lançou no cinema semana passada. Ela, recém ciente do seu empoderamento, queria gritar ao mundo que a mulher é livre, queria mostrar que era livre, mas não era fácil. Ignorou as investidas de Artur. Pobre menino, tão jovem e tão decepcionado...
Mas se o timing não é o mesmo, nos cabe conhecer este sentimento e investir enquanto se tiver forças. Artur estava analisando friamente tudo o que Patrícia fazia, com ele e com os demais. Notou que ela queria mesmo era curtir a vida, rir das circunstâncias e deixar que os momentos a levassem! Artur, que colecionava naquele momento mais uma decepção amorosa, retirou seu time de campo e, cabisbaixo, entendeu que ainda que seus corações sentissem o mesmo, ele era a pessoa certa na hora errada.
E, cara Patrícia, e tantos outros que estão na mesma condição que ela, entendam: quando o apaixonado desiste, não há nada que se possa fazer para recuperar o tempo perdido. NADA MESMO. Artur, tadinho, começou a reparar mais na moça e percebeu todos os defeitos que aquela paixonite não o deixava ver com clareza. Eu chorei com ele. Não estava sendo fácil ver aquela pessoa, que estava no topo da sua pirâmide de evolução, descer rolando, como se tivesse sido derrubada. Artur amava Patrícia sim. De verdade. Não precisou se imaginar casado e com filhos pra saber que amou. O amor não faz este alarde todo. O amor é discreto, como ele tinha sido sempre. Quem sabe, hoje ele até se arrependa de ter sido tão low profile todo esse tempo.
Como é triste ver a ascensão e queda de um sentimento tão nobre como o amor. É duro entender que um grande amor pode sim se transformar em uma decepção.
Mas se não for assim, não saberemos identificar quando aquele amor que cabe nas nossas expectativas e nas nossas possibilidades. É preciso errar um dia para acertar no próximo.
E é o que desejo a Artur e Patrícia: que venham acertos. E que não guardem rancor dos erros.

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