Casado Com o Trabalho
- Anelise Santos
- 27 de dez. de 2016
- 2 min de leitura
Que o trabalho dignifica o homem, todo mundo concorda. Que trabalhar é necessário, para ocupar o corpo, a mente e trazer o nosso sustento, todos sabemos. Mas vamos falar mais abertamente sobre os limites do aceitável, porque não podemos nos calar pela necessidade de mil reais por mês.
Eu já sou conhecida como a sindicalista louca, que bate de frente com os abusos dos empregadores que se acham extremamente bondosos por nos empregarem. Eu gosto sempre de pensar que a relação de empregado e empregador é como um casamento. E é, não me digam que não: passamos mais tempo trabalhando do que com a nossa família ou amigos, damos o nosso melhor pelo bem comum e nos frustramos quando qualquer uma das partes falha. Assim como no casamento, temos ciúmes do tratamento diferenciado a outros, concebemos filhos, damos ideias e vendemos o que não tem preço: o nosso poder de criação! Mas nem sempre isso é suficiente.
Para muitas pessoas, o que eu estou escrevendo aqui pode parecer uma baboseira sem fim. Feliz ou infelizmente, nem todos vivemos na mesma realidade e muitos nem pensam sobre o assunto, como que se preservando na inocência do não saber. Eu não consigo me calar diante de certas atrocidades. Me desculpem.
Assim como no casamento, o pilar que sustenta esta relação não é a necessidade, nem o medo de ficar só, mas o RESPEITO. E quando eu falo de respeito, falo de igualdade. Quando meu colega tem regalias que eu não tenho, aí falta respeito. Quando eu posso levantar meu tom de voz com os meus supervisores, me falta respeito com eles. A linha tênue entre intimidade e respeito pode se romper facilmente.
Tem gente que não sabe trabalhar em grupo: não sabe dividir, não sabe escutar, não sabe compreender, não respeita a individualidade, não divide a vida pessoal e profissional das pessoas, "não pede, mas manda", ou se esquiva atrás da frase medíocre: SEMPRE FOI ASSIM. Coisa que mais me irrita no trabalho em grupo é aquela pessoa que acha que trabalho em grupo é linha de produção, onde cada um tem uma tarefa fixa e nada pode mudar este curso. Aprendam: isso não é trabalho em grupo. Trabalho em grupo se resume em uma única palavra - AJUDAR!
Há quem acredite que colaborar no trabalho em grupo é ser trouxa e deixar de se sobressair. Criaturinha, pense bem: se o seu gestor for bom (coisa que nem todos são, infelizmente), ele está reparando que você está fazendo a sua parte a ajudando quem precisa. O mundo de verdade é assim mesmo! E se não for assim, não vale a pena!
E, para os que perdem seus empregos, mesmo precisando muito deles, por lutar pela verdade e pela igualdade respeitosa, fica meu consolo: você é mais do que estes mil reais por mês. Você é melhor! Vá atrás de um lugar e de pessoas que valorizem seus valores e suas ideias. Sem medo de ser feliz!

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